sábado, 7 de abril de 2012

Um dia em que o desejo falou?

Há 3 anos atrás ela era mãe há 2. O mês, maio, e o dia que lhe fora destinado pelo comércio estava se aproximando. Uma criança de 2 anos não poderia escolher o presente para lhe dar, a escolha sobraria então para o pai da criança. A ideia de deixar a escolha nas mãos dele, lá no fundinho, lhe agradava, pois sabia que, como sempre, ele faria uma má escolha, e ela teria motivo suficiente para apontar aquele erro e reclamar, seu esporte histérico preferido. Mas estava, sabe-se lá o por quê, cansada do jogo de reclamação, e ri disso enquanto, no divã, conta esta história. Decidiu que ela escolheria o presente, restaria ao pai apenas o trabalho de compra-lo, e este aceitou o "desafio" com satisfação. Mas o que escolher? Um livro! foi o que lhe passou pela cabeça. Que livro? Dostoiévski, claro! Qual obra? Bom, aqui chegamos à um nível maior de dificuldade. Deveria ela escolher uma obra que lera na adolescência, uma que nunca lera, uma obra maior ou uma (dita) obra menor? A brincadeira da escolha parecia tão divertida que pediu ajuda ao google. E lá, em meio a tantos Dostoiéviskis enxergou um nome importante: Freud. Só aí se deu conta de que em "Dostoiéviski e o parricídio" Freud escrevera que Os Irmãos Karamazovi era o maior romance já escrito. Pronto, a decisão estava tomada, Freud escolhera por ela. "Não, você escolheu por Freud" corta a analista.